sábado, 17 de janeiro de 2015

Dificuldades, criminalização e solução para uma carreira descendo a ladeira


O nosso reajuste não está no anexo V. Possibilidade de reajuste há, mas muito pequena.
Teremos reunião com o patrão lewandowski para tratar do reajuste nosso e do falso compromisso que fez conosco que só passaria o reajuste dos juízes se passasse o nosso reajuste..
Bem, ele não mentiu inteiramente. Realmente não passou o reajuste dos juízes.
Passaram os reajustes: auxílio-vergonha-moradia (4.300), 22% de reajuste (5.000) e gratificação por dupla função  (7.000) mais reajuste automático sem precisar de lei.
Para mudar a situação nossa e termos os mesmos parâmetros de 2006, só uma grande Greve Nacional, mesmo com corte de ponto, multa para os Sindicatos, processos e enfrentamento sem temor.
As condições para isto são pequenas, mas é a única saída.
Enquanto isto não acontecer, rumo à bancarização.
Estamos há 9 anos lutando para para voltarmos ao patamar de 2006. Infelizmente as forças da Categoria nacional não foram suficientes para enfrentar direções pelegas  de Sindicatos, os juízes, presidentes do stf, governo federal  do lula e dilma, congresso nacional.
Mas temos que fazer a resistência ou nos sobra duas opções: estudar e ir embora (menos de 5% dos que entram conseguem sair) ou ir se acostumando com o empobrecimento a médio prazo, torcendo para a inflação diminuir ou, no mínimo, não disparar. A cada 5 anos estamos empobrecendo cerca de 40% devido à falta de recomposição da inflação.
Vamos tentar fazer uma Greve conjunta com outras Categorias de Federais, como fizemos em 2012. Em 2012, 32 Categorias entraram em Greve, juntas. E conquistamos 15,8% que para alguns chegou a cerca de 40% de reajuste.
Em 2014 as Categorias dos Federais tentaram fazer Greve. Praticamente só nós do judiciário federal conseguimos fazer Greve. Foram 81 dias de Greve, em duas Greves.
Os Policiais Federais tentaram fazer Greve e não conseguiram. Os Professores das Federais e Institutos Federais também tentaram e não conseguiram.
Os motivos da dificuldade de se fazer uma Greve gigante que dê impacto no judiciário federal são várias: por exemplo, em Mato Grosso tivemos o ponto cortado no TRT23-MT pelo presidente édson bueno  com até 31 dias para quem fez a última Greve com possibilidade mínima de reversão; no TRE-MT existem 4 processos administrativos de corte de ponto pendentes. Numa das Greves anteriores já há decisão de reposição de hora a hora (vão ficar quase um ano fazendo reposição - vamos recorrer judicialmente).
A última Greve em Mato Grosso foi denunciada no mpf - ministério público federal para ter parecer pela ilegalidade e abusividade (ganhamos e o parecer foi pelo arquivo, ou seja, a Greve era legal e não abusiva, mas mesmo assim ocorreu o corte de ponto. Foram quatro Greves denunciadas no mpf e em todas nós conseguimos parecer pela legalidade e não abusividade), multas de 200 mil reais por dia para o SINDIJUFE-MT (conseguimos o arquivo), corte de ponto de seis meses e meio na JT (2011 e 2012, conseguimos anistia administrativa na negociação e judicialmente conseguimos o arquivo).
A maioria das direções dos Sindicatos estão nas mãos do governo federal (pelegos), associações de juízes e promotores expressamente contra nossos reajustes, divisões na Categoria, multa de 300 mil reais para o Sindicato de SP e multa de 300 mil para cada ratear entre os Grevistas, multa de meio milhão para o Sindicato dos Policiais Federais que iam entram em Greve, processos judiciais e administrativos contra Grevistas (eu mesmo fui processado pelo stf por fazer manifestação dentro do pleno do stf - consegui o arquivo, assim como vários Grevistas), processos contra Grevistas utilizando a lei de segurança nacional da época da ditadura, processos por formação de quadrilha, e por aí afora.
O direito de greve está sendo retirado pelo governo do pt, através da agu, judiciário e ministério público, em que pese a constituição garantir.
As centrais sindicais ligadas ao governo fazem o que o governo manda(aí só a CSP-CONLUTAS e INTERSINDICAL são independentes do governo e enfrentam o governo), presidentes  de tribunais contra o nosso reajuste, ex-presidentes e o atual do stf, congresso e também a maioria da sociedade que acha que somos marajás.
Paro aqui para não desanimá-los, mas essa é  a realidade: cruel, muito cruel.
Mas mantenhamos a esperança através da Luta. A única que pode mudar este retrato de quase tragédia.
Não adianta só reuniões com patrões, deputados, senadores, e diálogo com a sociedade.
Temos que avançar. Só seremos respeitados pelos governos federais e presidentes do stf e demais tribunais quando realizarmos Greves em todos os Estados enfrentando corte de ponto, processos administrativos e judiciais, multas para os Sindicatos e para os Grevistas.
Enquanto jogarmos nas costas a responsabilidade da Greve em 3 ou 4 Sindicatos de Luta, dermos procurações para só os Grevistas vanguardistas fazerem Greves enquanto trabalhamos, mantivermos pelegos nas direções de Sindicatos atrelados ao governo/patrão, enquanto nos acovardarmos em troca de funções comissionadas,  olharmos só para o nosso umbigo, ficarmos puxando saco de juízes,  defendendo o governo patrão, enquanto fugirmos de todos estes problemas  e não aplicarmos a solução da Greve forte em todos os Estados e que paralise a produção, que paralise a arrecadação de tributos, que paralise os processos judiciais,  deslizaremos ladeira abaixo até o fundo do poço... artesiano.

17 de janeiro de 2015

Pedro Aparecido de Souza

Blog do Pedro Aparecido :
www.pedroaparecido.com.br

* As letras minúsculas são para os minúsculos

2 comentários:

  1. Vc é o cara mais realista que conheço. Parabéns pelo artigo.

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    1. Obrigado, Anderson. Somente com a visão da realidade sem filtros podemos elaborar táticas para sair do fundo do poço.
      Abraços

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